Projetos de Aprendizagem

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Esta proposta metodológica trabalha essencialmente com as questões formuladas pelos alunos, ou seja, com as perguntas genuínas, que brotam das curiosidades que eles têm.

Assim, trabalhar com Projetos de Aprendizagem (PA) implica em instigá-los a pensarem naquilo que lhes interessa, nas curiosidades que têm e nos aspectos da realidade que os intrigam, desafiam ou confundem; em nutrir, e em alguns casos resgatar, a curiosidade e o espírito investigativo que existe em cada um deles e, ainda mais, implica em aproveitar estas curiosidades como fios condutores do trabalho em sala de aula e dos projetos que eles desenvolverão.

 

Conforme Fagundes (1999), Fagundes, L. C et col. Aprendizes do futuro: as inovações começaram! Coleção Informática para a Mudança na Educação. MEC/SEED/PROINFO, 1999. essa mudança de perspectiva, pode ser muito significativa porque

Quando o aprendiz é desafiado a questionar, quando ele se perturba e necessita pensar para expressar suas dúvidas, quando lhe é permitido formular questões que tenham significação para ele, emergindo de sua história de vida, de seus interesses, seus valores e condições pessoais, ele passa a desenvolver a competência para formular e equacionar problemas. Quem consegue formular com clareza um problema a ser resolvido, começa a aprender a definir as direções de sua atividade.

Nas metodologias anteriormente apresentadas, a preocupação em atender as necessidades curriculares, em uma ordem pré-estabelecida, está bem mais presente do que no trabalho com PA. Nesta última proposta, evidentemente, existe a preocupação com a construção de conhecimentos, mas ela atende mais às necessidades e interesses atuais dos alunos do que à necessidade de abordar conteúdos previamente planejados, para esta ou aquela série ou ano. Os PAs configuram, por isso, uma situação aberta, desestabilizadora, cujos caminhos e resultados não são pré-determinados e nem mesmo conhecidos de antemão pelos docentes.

 

Nesta proposta pedagógica, os alunos trabalham, em pequenos grupos formados por interesses comuns, em torno de um fenômeno que querem entender.
O trabalho é desenvolvido em etapas, nas quais os alunos:

  • socializam, na turma, questões que traduzem suas curiosidades;
  • junto com o(s) professor(es), analisam e agrupam as questões que tratam de fenômenos ou temas afins, formando conjuntos;
  • aderem ao conjunto de questões que melhor traduzem suas curiosidades, formando grupos com interesses comuns. Nesta etapa um aluno pode aderir, por exemplo, a um grupo de questões que não engloba a sua, em função de ter se dado conta de que as questões dos colegas lhes interessam mais do que a que teve a capacidade de trazer, na primeira etapa. Além disso, se, em uma sala de aula, muitos alunos aderem ao mesmo conjunto de questões, não há problema em formar dois ou três grupos, em torno do mesmo ponto de partida. Vale ressaltar que os trabalhos fluem e se distribuem melhor em grupos formados por até 5 alunos;
  • em grupos elegem, dentre as diferentes questões do conjunto a que aderiram, a questão principal ou central do seu projeto. Essa questão guarda-chuva será o fio condutor do trabalho;
  • elencam criteriosamente o que acreditam saber sobre a área ou fenômeno ligado à questão principal, constituindo o que chamamos de Certezas Provisórias;
  • elencam o que pensam ser necessário saber, buscar ou aprofundar, para poderem chegar à resposta da questão principal, constituindo as Dúvidas Temporárias do grupo;
  • colocam-se em ação buscando informações em meios diversos, entrevistam especialistas, fazem experimentos, enquetes e/ou podem inclusive solicitar aulas sobre determinados assuntos que precisam entender melhor para desenvolver o trabalho
  • registram, elaboram e publicam seus achados, socializando tanto o processo em desenvolvimento, quanto os resultados alcançados, na medida em que o trabalho se desenvolve, culminando com a resposta ou respostas à questão principal e a revisão das certezas que tinham, no início dos trabalhos.

Resumindo, podemos dizer que o processo de investigação que se instala em um PA parte do tripé - questão principal, certezas provisórias e dúvidas temporárias - derivado do conhecimento prévio dos alunos e os encaminha ou para a refutação ou para validação e aprofundamento destes conhecimentos.

Assim, um PA adequadamente conduzido pelos alunos e acompanhado pelo(s) professor(es) resulta no aprimoramento dos conhecimentos que tinham no início dos trabalhos no sentido de sua sistematização e formalização ou, em outras palavras, resulta em conhecimentos que se afastam do senso comum e se aproximam dos conhecimentos cientificamente validados. Trabalhar desta forma é, também, ajudar os alunos a trilhar um caminho na direção do que, mais adiante, será chamado “trabalho científico” ou pesquisa científica.

 

Vamos saber um pouco mais?