Escrita

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 Para evitarmos estas situações que empobrecem o uso e o interesse pela linguagem escrita, é importante propor aos nossos alunos atividades de produção textual coerentes com um contexto no qual a escrita resultante cumpre sua função comunicativa e vai além da usual relação aluno/produtor voltado para o professor/receptor/revisor.

 

Neste sentido, as tecnologias digitais podem ser grandes aliadas. Os editores de texto, por exemplo, trazem novos elementos que facilitam o ato de escrever.

Estes editores, quando estão com a função de correção ortográfica ativada, assinalam automaticamente todas as palavras que os alunos escrevem e que não constam de seu dicionário. Com isso, possibilitam que os próprios alunos comecem a assumir o papel de revisores de seus escritos. Além disso, estes programas facilitam apagar, substituir, rapidamente reformular partes do texto, transladar ou sumir com parágrafos inteiros, tudo isso sem deixar marcas negativas ou obrigar o aluno a recomeçar, como aconteceria se o suporte da escrita fosse o papel. Estas facilidades favorecem o interesse dos alunos em revisarem seus textos, agora não mais do ponto de vista ortográfico, mas no sentido de buscar torná-los mais claros, mais coerentes e mais eficazes.

 

Quando a escola tem conexão com a internet e possibilita aos alunos publicarem textos em blogs, wikis ou outros espaços públicos, oportuniza a escrita em um suporte e contexto de comunicação real. Publicar algo na internet; ter a consciência de que o que foi publicado pode ter leitores reais, diversos e desconhecidos; receber comentários desta audiência, como pode acontecer em blogs e wikis; manter conversações escritas com pessoas que, eventualmente, sequer conhecemos; instaura outra relação dos alunos com os textos que produzem.

Sabemos que ideias, publicadas em espaço público, podem resultar em desajustes entre as intenções do escritor e as interpretações do(s) leitor(es), em função da diferença de valores, de influências de conjuntos diferenciados de conhecimentos e de aspectos socioculturais que repercutem na expressão e na compreensão. Estes desajustes podem ser extremamente propícios para o enriquecimento do ato de escrever, à medida que ajudam os alunos/autores a se darem conta de que, ao escreverem, é importante ter em mente os possíveis leitores e verificar se o escrito contempla todos os aspectos e as informações, supostamente necessários, para que a mensagem seja clara, lógica e/ou possa ser aceita.

 

As conversações online, em tempo real ou não; a possibilidade de participar de espaços virtuais, em diferentes contextos locais e globais; vem constituindo novas maneiras de enxergar o mundo: um mundo não linear, um mundo em rede. Aos poucos, começamos a compreender também que a internet favorece a socialização, a troca e o trabalho conjunto, em redes de coautoria e cooperação como é, por exemplo, a Wikipédia.


As crianças e os adolescentes parecem muito à vontade nesse novo mundo. Elas criam blogs, escrevem no twiter, abrem wikis, publicam vídeos no youtube, baixam programas e arquivos da rede, participam intensamente de redes sociais e se comunicam, via mensagens instantâneas.

E nós professores?

Nós precisamos nos sentir à vontade neste mundo, para podermos aproveitá-lo, favoravelmente, em sala de aula. Precisamos aprender a fazer parte desse mundo em que as inter-relações e as cooperações estão muito mais presentes.

 

Vamos explorar algumas possibilidades, nesta direção?